quinta-feira, 26 de agosto de 2010

RETORNO


"Somente depois de ter andado por terras estranhas
É que pude reconhecer a beleza da minha morada.
A ausência mensura o tamanho do local perdido,
Evidencia o que antes estava oculto, por força de costume.
Olhei minha mãe como se fosse a primeira vez.
Olhei como se eu voltasse a ser criança pequena
A descobrir-lhe as feições tão maternas.
Abri o portão principal como quem abria um cofre
Que resguardava valores iincomensuráveis.
As vozes de todos os dias estavas reinauguradas
Deitei-me no colo de minha mãe como se quisesse
Realizar a proeza de ser gerado de novo.
Suas mãos sobre os meus cabelos pareciam devolver-me a mim mesmo.
Mãos com poder de sutura existencial....
Era como se o gesto possuísse voz, capaz de me dizer:
Dorme meu filho, porque enquanto você domir
Eu lhe farei de novo.
Dorme meu filho dorme."

Texto extraído do livro "QUEM ME ROUBOU DE MIM?" Pe Fábio de Melo.

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