quinta-feira, 26 de agosto de 2010

RETORNO


"Somente depois de ter andado por terras estranhas
É que pude reconhecer a beleza da minha morada.
A ausência mensura o tamanho do local perdido,
Evidencia o que antes estava oculto, por força de costume.
Olhei minha mãe como se fosse a primeira vez.
Olhei como se eu voltasse a ser criança pequena
A descobrir-lhe as feições tão maternas.
Abri o portão principal como quem abria um cofre
Que resguardava valores iincomensuráveis.
As vozes de todos os dias estavas reinauguradas
Deitei-me no colo de minha mãe como se quisesse
Realizar a proeza de ser gerado de novo.
Suas mãos sobre os meus cabelos pareciam devolver-me a mim mesmo.
Mãos com poder de sutura existencial....
Era como se o gesto possuísse voz, capaz de me dizer:
Dorme meu filho, porque enquanto você domir
Eu lhe farei de novo.
Dorme meu filho dorme."

Texto extraído do livro "QUEM ME ROUBOU DE MIM?" Pe Fábio de Melo.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

QUANDO CHEGA A HORA...




Existem assuntos muito difíceis de falar....e esse é um deles. Quando chega a hora de partirmos para o outro lado....nada impedirá. Podemos estar na rua ou dentro de casa...não importa.
Passei pela experiência de perder alguém querido recentemente. Já perdi pessoas que eu amava muito, mas como estava longe e não pude estar presente, a sensação que tenho é de que eles continuam lá em seus lugares ou estão viajando. Acho que isso se tornou um mecanismo de defesa meu, para amenizar esse sofrimento tão intenso. Mas dessa vez acompanhei tudo do início ao fim. E agora sei que não é fácil.
Perdi minha sogra, a DILLI, em um acidente de carro. E não foi fácil não. Aquela pessoa sorridente, alegre, comunicativa...não estava mais ali em seu devido lugar.. Ela estava tão feliz e de bem com a vida. Sempre perfeccionista, tudo que fazia saia maravilhoso. Estava na fase dos artesanatos....lindos...que não há elogios para dizer o quanto perfeitos eram, mas ela sempre achava que não estava bom. Era uma mãe muito amorosa, como poucas que já vi. Uma leoa, que mesmo após os filhos adultos  defendia-os com unhas e dentes. Era uma guerreira, batalhadora, de coração enorme e sedenta de carinho e amor.
Tentei em muitos momentos tentar imaginar como era a dor de filho/filha e de marido/esposa. Não consegui, pois toda vez que pensava na possibilidade de perder minha mãe, entrava em desespero. Acho que só sabe quem sente. Isso é fato.
Agora, não é fácil ver quem você ama sofrendo, e não ter nada para fazer para cessar o sofrimento, em muitos momentos nada a dizer também. Tirei forças do fundo do coração para poder dar forças para o meu amor Tales.
Eu acredito não em uma separação definitiva, mas que as pessoas vão para um lugar melhor, onde nos encontraremos depois. É nisso que acredito. Sei que ela está lá, olhando por sua família, zelosa como sempre foi.
Nesse início o tempo não é amigo mas inimigo, pois a ausência vai se tornando cada dia mais forte e aí percebemos que a pessoa não vai mais voltar. Mas depois de um tempo,  vai ficando a saudade, as boas lembranças para confortar.
Para mim, a sensação é de que, toda vez que eu for na casa dela, ela estará lá, fazendo seus artesanatos, brigando com o Michael e com a Tina....até seus passos as vezes eu ouço....
Vai com Deus Dilli....
"Qualquer dia amigo a gente vai se encontrar...."